26/07/2007

Flexões repetidas

Tenho um relógio na vontade de bordo a dar horas de enjoo por não saber o que acontece amanhã.


Mas nem por isso deixo de "olhar para a esteira que se deixa na popa".
(Arturo Pérez-Reverte in Cemitério dos Barcos sem nome)

5 comentários:

Anónimo disse...

Se soubesses como isso é verdade! Como o enjoo do nao saber o que acontece amanhã tem estado presente! Mesmo assim, acredito sempre no sol e no seu brilho

Anónimo disse...

Um remédio simples para esse enjoo é viver, plenamente, um dia de cada vez. Plenamente significa sem ansiedade. Sem ansiedade quer dizer estar preparado. Preparado, por exemplo, ou melhor, sobretudo, para aceitar o imprevisivel - e que bem que isto se aplica às relações humanas!
Olhar para a esteira é sábio e traduz a experiência do saber, ou o saber de experiências feito. Em suma, já demonstras maturidade. Mas atenção, o citado autor disse mais: acrescentou "de vez em quando". Como bem sabe um marinheiro experiente, olhar, de vez em quando, para a esteira, ajuda a manter o rumo. Correcto, sábio. Mas o rumo é em frente, precisamente onde está o imprevisível. Segue então em frente, preparado e sem ansiedade. E, já agora não te esqueças da tripulação: eu, por exemplo, estou mesmo ao teu lado!
Agora, um purista diria: ah! e os navegadores solitários? Bem, eu respondo: solitário? Hoje em dia os solitários têm GPS e VHF!
Caramba, e se mesmo assim vier o enjoo? Pois que venha: se já aceitaste o imprevisível, o que é um simples enjoo?
E eu? Esperava, com a minha idade tão distante da tua, ter pensado tanto para comentar as tuas flexões repetidas? Bastou-me perceber que isso quer dizer reflexões, tal como gerúndio de escrever quer dizer "escrevendo". Que saboroso e lento tempo foi "gerúndio de passar" enquanto postava este comentário!
Sabes? Lembrei-me de Kipling. Considerado por muitos um reaccionário, eu direi, para o explicar, que era um vitoriano. Tão só. Aliás o meu preferido e enorme Hugo Pratt, bem disse que, despidos de preconceitos, lermos o "Se... ", não fazia mal a ninguém. Pois é: é que eu acho que tu, meu filho, serás um Homem!

Miss Jones disse...

Olhar para o futuro enjoa porque fazemos um juizo de prognose baseado nos altos e baixos que ficaram na esteira.
Mas medo que os baixos se repitam ou possam ser mais fundos não nos podem impedir de seguir em frente.

Porque todas as viagens são boas apesar de em todas sofrermos solavancos há que, de vez em quando, levar os dedos à boca e continuar!

Anónimo disse...

Concordo! Viver um dia de cada vez e tentar tirar o maior proveito disso. Amanhã?? Logo se vê...

Anónimo disse...

Ou como disse o Mário Zambujal, "À noite logo se vê!"