30/01/2008

As fotografias

Para começar este post, e para acabá-lo também, posso dizer que considero que o acto de fotografar alguma coisa ou alguém é, ou deve ser uma arte. Mesmo que essa arte não tenha conhecimento teórico, assim como um poema ou quadro que não obedece a nenhuma filosofia, a fotografia é uma vontade de quem quer parar o tempo abstracto num instante concreto de saudade. É um Bilhete de Ida para a recordação sempre que se quiser.

A percepção de realidade dada pela estampa do que foi torna-se ainda mais valiosa quando se consegue captar aquilo que se sentiu, e muito mais quando se transmite a mesma sensação sem que sejam precisas legendas ou traduções.


Por tudo isto, que até podendo não ser nada é muito mais do qualquer coisa, quero aperfeiçoar a minha técnica de parar instantes para a imagem.

Fiquem com um dos meus instantes que, apesar já o ter sido, irá continuar constante sempre com a mesma noção.

(Clicar no momento para o ver maior)
Irei partilhando mais momentos que já parei...

09/01/2008

...

Parti a planta pelo caule
Só porque a queria cheirar e ver;
Só porque a queria ter.

Gostava tanto dela
Do seu aroma e do seu cheiro
Do prazer que me dava ao olhá-la de primeiro
Que a fechei num cristal;
Num palácio primordial
Para que a essência dessa flor
Não se tornasse só estival.

Por acidente, mas por mim,
Parti-lhe a redoma um dia.
O seu talo decrescia...
Mas as flores que trazia
Estavam belas todavia
Sem que o cheiro chegasse ao fim.

Àquela mais pequena planta,
Agora flor de pouca haste,
Vou plantá-la em terra santa
Com um nó na garganta,
Mas para ver se renasce
E para que mais cheiro garanta:

- Cresce;
Quero que cresças por ti.
Quero que exales perfume!
E não posso ter ciúme
Dessas folhas já tuas
Que um dia quis e vi;

Quando os teus ramos e folhas
Derem sombra e temperatura
Deixa-me só olhar-te, absorto;
Deixa que ajeite o meu conforto
Debaixo dos galhos das escolhas
Que serão sempre tuas, ternura:
E deixar-me-ei estar aí
Até que vejas com altura
Que estou feliz e nunca morto.