23/04/2008

Ao político

Veste forma de clássico cabide
E traz traje de gala prá labuta
Usa nó bem dado na fala
Reúne-se com outros na sala
Querendo mostrar a goma astuta

"É de nobres famílias" - pensamos!
Mui cordato senhor da fama...
Jamais imaginado
Daqueles que põem na lama
Os focinhos e dão toucinhos

Grita-se aos fartos da novela...
Até canta preciso A cappella...
E espanta o próprio ego
Quando mete mais um prego
No caixão da querela

É humano e animal
Este político de género antigo
Tem presença e Carnaval
No seu gesto de intento brutal
Mas que a nós, nos dá castigo

18/04/2008

Os sem amigo

A única coisa que posso fazer enquanto vou gastando anos até lá chegar, é ir tentando.

Não consigo imaginar qual será o sentimento que mais preenche as vidas dos que, como eu pessoa, sobrevivem inúmeras luas em nome de uma busca qualquer, cheia ou vazia, velha ou nova, rica ou pobre, até que chegue o momento em que já não importa.

Não consigo calcular a percentagem de vazio que enche as horas mortas dos que, como eu ser vivo, ainda não morreram.

A única coisa que posso fazer enquanto vou gastando anos até lá tentar, é ir chegando. Chegando à conclusão que há injustiças. E realizando que só há injustiças porque as sentimos.

Só posso ir tentando até que consiga passar alguma mensagem a alguém.

Com amigos, claro, tudo se torna mais fácil. Menos pesado. E a ordem proporcionalmente inversa ao prazer rápido e ao sofrimento vagaroso, passa a ser realidade.

Os que não têm amigos nem sítios nem nada, têm muito mais tempo para pensar no que não têm.

Até lá, e enquanto vou tentando compreender porque é que existe vazio, vou também tentando fazer melodias como esta:

08/04/2008

Discurso Benfiquista...

O vídeo seguinte talvez explique a razão dos maus resultados do Benfica.

Compreende-se que os jogadores do Sporting tenham demorado algum tempo a compreender as indicações do "mister" Paulo Bento por causa da elaboração vocabular do seu discurso.

É por demais evidente que os jogadores do Benfica estão a demorar a aprender a jogar à bola! Senão vejamos: Numa altura em que quase todos eles já falavam espanhol "Camachês" abrutalhado - ou pelo menos compreendiam - a mudança súbita desse diálogo para um que está repleto de metáforas subentendidas, fugas surpreendentemente inteligentes à indagação directa, comentários indirectos somente com a utilização do complemento circunstancial de lugar, conjugações de verbos irregulares sem indicações de sujeito, e uma ligeira ironia subliminar precedida de um movimento sub-reptício de elevar das escápulas acompanhado de um ligeiro inclinar de cabeça, faz com que os treinos do SLB sejam, seguramente, uma enorme confusão:

- "Ó Ed Carlos, vê lá se...coiso pá, ãh!... É que senão o Petit vai ter que...ãh! Vê lá isso, pá! É o que eu tenho a dizer..."

-" Mas ó misté, o Nuno Gomes está-me só a agarrando e já me aleijou aqui na canela!..."

-"Ó Nuno pá...ãh! Vê lá se... coiso. Tás a compreender!... Não te esqueças que o peró..per...pernó... aí essa coisa da perna do gajo está... ãh! Tem lá..coiso pá. É o que eu tenho a dizer."

-" Pessoal, amanhã vamos ganhar! Tu, quando fores pela al... corred... faix... por aquele lado, tens de press...fazer press... tens de... ãh! Acho que já compreenderam! Vamos lá malta... vamos lá...coiso! Ãh! É o que eu tenho a dizer.."