18/07/2007

Nada a dizer!?

Mais um dia, mais um post.

Não sei se chegaram a ler, mas no dia da inauguração do Terminal 23 prometi várias coisas. Algumas das quais tinham a ver com a colocação periódica de algumas divagações menos prosaicas. Aqui está uma delas:

NADA A DIZER

A não ser...
Dos gordos de boca aberta,
Da vizinha chica esperta
E o cão que só ladra ao serão,
(já agora dos outros que cagam o chão),
Da insónia de chuva
No dia de Verão,
Do azar da bicha
(E essa outra de televisão),
Do vinho a garrafão
que não se sabe vir da uva,
Do adepto da frente, refilão,
Da obrigatória ficha
Para doente do coração,
Do polícia que contesta
O carro em segunda-mão;
Da inspecção,
Dos fartos capachinhos,
Dos que usam terceira pessoa,
Para falar com os filhinhos,
Dos doutores antes do nome,
Da cigana que apregoa,
Dos tios das marcas de feira,
Da casa ao pé da lixeira,
Da funcionária do lar
Que bate no velho a comer,
Do sotaque do padre beirão
(mas principalmente do sermão),
Dos “tunning’s” a acelerar,
Dos que roubam sem se saber,
Dos que dizem prometer,
Do Ferrari do porqueiro
Da Famel do carteiro,
Dos que cantam mal no chuveiro...
...E do que falta acontecer...


...Não tenho nada a dizer.

2 comentários:

Madalena disse...

Já disse uma vez a alguém que faz poesia como tu, se calhar tu mesmo???, que esta poesia me sabe muito bem. Sabe-me sempre a pouco, como diz o Sérgio Godinho. Isso é saber muito bem. sabe-me à minha geração, à intervenção, à cançao de intervenção que nos educaram, a mim e aos teus pais e nos ensinaram a desejar a liberdade, em qualquer circunstância!
Obrigada pelo poema. Um beijinho

Anónimo disse...

E no entanto é tão bom viver....para poder nada dizer.